MARIANA MARTINS
Sonhei com uma baleia que surgia de um rio pequeno. Em outro sonho eu estou sozinha no meio do mar. Não tenho onde me apoiar a não ser em mim mesma. Não tem mais nada em minha volta a não ser mais mar.
E debaixo dos meus pés passa baleia branca. Ela passa lenta, ela canta e meu corpo todo se arrepia e paralisa.
É um exercício de fragilidade.
A fragilidade é um lugar que eu não me permito ficar.
A primeira vez que eu caí no meio do mar foi minha mãe que jogou. Não foi maldade. Foi cuidado. Era pra eu aprender a nadar sozinha pra poder nadar do lado dela.
Eu não tinha como tocar o fundo com os pés, mas quando eu assustei já estava na praia. Na segunda vez que eu caí no meio do mar eu nem percebi que estava afundando até sentir a areia molhada e ver os tijolos amarrados nos meus pés.
Me jogaram e caí bem no fundo.
Consegui subir a tona quase tarde demais. Mas nunca é tarde demais quando se está tentando sobreviver.


